O vento entrava abafado pela fresta da janela que eu deixei aberta, a chuva caía leve na janela fazendo um barulho agradável, parecido com uma canção de ninar, eu vestia uma camisola bem leve, me revirava na cama por conta do calor, apesar da chuva.
*teck*
Ouvi o barulho de algo batendo na minha janela, levantei num salto, acendi o abajur e esfreguei meus olhos, demorei um tempo pra raciocinar que horas eram.UMA DA MANHÃ!Levantei furiosa com o imbecil que estava incomodando meu sono, não que estivesse bom me virar na cama.Abri a janela furiosa e vi um garoto com os olhos azuis brilhando intensamente, seus cabelos pretos jogados na cara de uma maneira leve, ele sorriu ao me ver.
- O que você tá fazendo aqui? - perguntei num sussurro perplexo.Ele riu, e apenas me chamou com seu dedo indicador e apontou para o violão nas suas costas. - Você tá maluco?Meus pais iriam me dar um tiro! - eu sussurrei ainda mais perplexa.
- Só se eles descobrirem. - ele sussurrou tranquilo de que aquilo não aconteceria e piscou.Eu recuperei meu ar e voltei a falar.
- Mas... como eu vou?
- Seus pais já estão dormindo, é só você descer pela janela. - ele sorriu.Ah!Como se isso fosse muito fácil né?Não tinha nada além do telhado para eu me apoiar, parei um tempo para raciocinar. - Se você não facilitar vou ter que fazer uma serenate, beeeem alta. - ele disse malicioso.
- Meu pai te castra. - eu ri desesperada.
- Então, se você não quer um namorado castrado, desce agora. - ele riu constrangido. - Por favor. - acrescentou com o sorriso de lado que eu tanto gostava.A palavra namorado se destacou na minha cabeça.
- Droga.Você consegue me convencer. - disse ainda sem muito ar. - Vou trocar de roupa, espera ai.Mas, tenho que estar de volta antes da 6h. - ele sorriu concordando.Fui para o banheiro, coloquei uma calça larga, meu tênis, uma regata, amarrei o cabelo, lavei o rosto, escovei os dentes e sorri para o espelho contente com o resultado.Abri a janela e olhei me preparando para uma e calculando o que eu poderia quebrar.
- Pula, gata. - ele disse esticando os braços, pulei e ele me segurou com um pouco de esforço, me colocou no chão e nós dois rimos baixinho.Entramos no conversível dele.
- Pera, tava quase esquecendo. - ele disse.
- Do que? - perguntei sem entender.
- Disso. - ele disse encostando seus lábios nos meus e tirando todo o meu ar. - Eu preciso começar a me lembrar de respirar quando eu to com você. - ele acrescentou rindo depois de desencostar os lábios dos meus.
- E você precisa parar de tirar o meu ar. - nós rimos.Chegamos finalmente perto do lago, ele segurou a minha cintura com força e mordeu o lábio.Olhei ele de canto de olho e percebi que queria me contar algo.Sentamos na beira do lago e colocamos nossos pés na água, a chuva já tinha cessado.
- Eu quero tocar uma música para você, mas eu estou nervoso. - ele disse rápido. - pronto falei. - nós rimos.
- Ah, larga de ser besta, você canta e toca muito bem, não tem motivos pra ficar nervoso, e eu ia adorar que você cantasse para mim. - disse lhe dando um beijo.
- Tá bom, eu toco. - ele sorriu e pegou o violão.A melodia começou lenta, sorri quando percebi que ele tocava minha música preferida: "With me".A voz dele me fez parar de respirar, fiquei ali aproveitando aquele acústico só para mim, sorria que nem uma besta, o ritmo foi diminuindo e parou.Ele me deu um beijo demorado, abri os olhos e agradeci, meus olhos estavam cheios de palavras.
- Sabe de uma coisa? - eu perguntei, ele sacudiu a cabeça. - Eu não sei como descrever o que eu sinto por você.É como se você fosse parte de mim.Não sei. - ele sorriu.
- Sei como é não ter palavras pra isso.Parece que é algo que ainda não inventaram.Uma palavra nova."Eu te amo" já é pouco demais. - ele disse acariciando minha bochecha com as costas da mão.Concordei, meus olhos encheram ainda mais de lágrimas.Ele me deu um beijo na testa. - Desculpa.Agora eu preciso contar o que eu realmente vim falar.Queria fazer dessa noite inesquecível, por isso não contei assim que chegamos.
- O que aconteceu? - perguntei preocupada com a sua mudança de tom e de expressão.
- Eu, bem, eu preciso viajar.Preciso fazer uma cirurgia. - ele disse com lágrimas nos olhos. - Eu volto, mas eu não consigo me imaginar sem você por mais de um dia.
- Mas, que cirurgia é essa, amor? - perguntei segurando seu rosto com as duas mãos.
- Eu tenho um problema, no pulmão, um tumor, aí eu vou lá pra tirar.Mas calma! - ele acrescentou ao ver as lágrimas rolando pelo meu rosto. - Eu vou ficar bem tá bom?É só tirar, me recuperar e eu volto, pronto.Não se sabe se é um cancêr, mas eles preferem não arriscar e vão tirar. - as lágrimas rolavam soltas pelos nossos rostos.Nos levantamos e fomos para o carro.Quando eu estava saindo depois de um abraço longo e um 'Vou sentir sua falta', ele segurou meu braço e me deu um beijo. - Você é a minha vida, Hill.
- E você é a minha, se acontecer algo com você eu não sei o que eu vou fazer. - ele colocou o dedo na minha boca impedindo que eu voltasse a falar.
- Shhh.Não vai acontecer nada. - eu lhe dei um beijo demorado e voltei para casa arrasada.Não sei se aguentaria o mês que ele passaria fora, imagina se acontecesse algo?Não, tinha que parar de pensar nisso.Fui dormir.
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Um comentário:
Adorei a parte do 'calculando o que poderia quebrar'.Pode crer que vou adotar (:
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