Duas crianças de no máximo onze anos brincavam no parque.Uma correndo atrás da outra.
-Peguei! - disse a menina caindo em cima do garoto.
-Ai, cansei - disse ele tirando-a de cima.Os dois deitaram na grama, e ficaram ali admirando o belo azul do céu.
- Promete que vai ficar pra sempre? - perguntou a garota meio insegura.
- Pra sempre é muito tempo.
- Promete? - disse a garota impaciente, o garoto pensou um pouco.
- Prometo. - disse inseguro.
- Brigada. - ela disse, sem se importar com o tom inseguro do amigo.Os dois sorriram, sem desviar o olhar do céu.Ficaram um tempão ali olhando pro céu, pensando na promessa.Quando já estava ficando escuro o garoto disse:
- Vamos, nossos pais vão ficar preocupados. - a garota concordou com um sorriso.Os dois se levantaram e seguiram seus rumos.
No dia seguinte a garota acordou sete horas da manhã.
- Não acredito que eu acordei a essa hora nas FÉRIAS! - resmungou pra si - Já sei.Vou ligar pro Peter! - e foi o que fez.
- Alô? - disse uma voz sonolenta no telefone.
- Oi Peter!É a Jéssica!Quer andar de bicicleta? - disse ela animada.
- Não vai dar.Primeiro: São SETE da manhã, segundo: eu não estou me sentindo muito bem.
- O que houve? - perguntou preocupada.
- Ontem eu passei mal, deve ter sido algo que comi, preocupa não, linda.
- Ah, tá bom, gatão. - os dois riram. - Mais tarde a gente se vê?
- Acho que sim, se eu estiver melhor.
- Ok, te amo.E vê se melhora.
- Ah, eu também te amo.Vo tentar. - os dois sorriram e desligaram o telefone.
Jéssica passou a manhã esperando a hora do almoço, queria sair, andar de bicicleta com Peter.Depois do almoço, Jéssica ligou para Peter.
- Oi, senhora Parkson?
- Sim...
- Ham... é a Jéssica, o Peter está? - disse ela insegura, a senhora Parkson respondeu com uma voz chorosa.
- Ó, minha querida, desculpe-me.Peter estava passando muito mal, o levamos ao hospital, o médico disse que era uma crise alérgica, desculpa de médico pra quando não faz ideia do que o paciente tem, - deu uma risada forçada nessa hora - enfim, o médico tentou de tudo, mas não conseguiu.Peter se foi.Desculpe-me - a sra.Parkson começou a chorar.Jéssica apenas desligou o telefone, chocada, não disse nada.Como aquilo poderia ter acontecido, tinha falado com ele naquela manhã!Parecia tão bem. "Você prometeu que ia ficar pra sempre!!" Ela gritou, lágrimas pesadas e doloridas escorriam em seu rosto. "Você não pode ir agora!Ainda temos muito o que fazer juntos!Não pode fazer isso comigo" Ela estava ajoelhada no chão da cozinha, chorando desesperadamente.Seus pais chegaram em casa e foram correndo até a cozinha consolar a filha.
- A sra. Parkson nos falou.Sentimos muito, meu amor.
- Ele não pode morrer!Ele prometeu que ia ficar pra sempre!
- Vamos para o quarto, querida.
- Não, eu quero ficar sozinha, obrigada.Quando é o enterro?
- Amanhã.
Jéssica subiu sem dizer nada, seus passos eram pesados, e lentos, não tinha forças para nada.Trancou a porta e se tacou na cama.Passou a noite inteira chorando, pensando em como Peter poderia ter feito isso com ela.
No enterro Jéssica não chorou, não durante.Depois do enterro Jéssica pediu para ficar sozinha com Peter, ou o seu cadaver.Olhou pelo vidro do caixão onde mostrava o rosto dele, continuava sereno, lindo.Jéssica acariciou o vidro.
- Ah, Peter.Agora eu entendo, você vai ficar comigo para sempre, mesmo que não possa vê-lo, tocá-lo, mas posso te sentir, sei que está aqui.Você vai ser meu anjo da guarda.Eu te amo, nunca vou te esquecer, meu anjo.Descanse em paz. - uma lágrima escorreu de seu rosto.Ela se virou e foi em direção, no carro não disse nada.E foi vivendo a vida assim, sendo protegida por Peter Parkson, seu anjo da guarda.