terça-feira, 31 de março de 2009

BFF


Ela estava parada no centro do palco, seu cabelo preso num coque bem firme, sua roupa preta colada.As cortinas iam levantando devagar e ela assumiu sua pose, um sorriso enorme do rosto escondendo o nervosismo.A música começou intensa e ela foi brincando com seu corpo, girando, saltando.Tudo com uma enorme leveza, os olhos de todos na platéia brilhavam com tanta leveza.Ela girou, girou, girou e parou firme, esticou os braços pra cim e sorriu.Todos aplaudiram.A música acelerou e seus saltos, seus braços, seus movimentos aumentaram a velocidade também.Ela ia brincando com seu corpo e eu acompanhava admirada, ela voltou ao centro do palco e agradeceu, eu fui a mais animada, levantei, gritei, chorei, e ela riu de mim.Quando as cortinas fecharam, eu sai correndo do meu lugar e fui encontra-la no camarim.Gritamos e eu elogiei o jeito como ela se mexia e ela agradeceu.

- Você precisa me ensinar a fazer isso. - eu disse me sentando pra esperar ela trocar de roupa.

- É um dom. - ela disse piscando, eu taquei uma almofada nela e ela riu. - Vamos. - ela disse saindo após alguns minutos do banheiro com um short jeans rasgado, uma blusa e um suspensório.Eu concordei e peguei meu skate e fomos juntas, eu no meu skate e ela correndo atrás de mim.Paramos na lanchonete mais próxima e comemos batatas fritas cheias de gordura e ketchup.

- À nossa amizade. - eu disse levantando um copo de heineken.

- Que ela seja eterna. - ela completou e nós bebemos tudo de uma vez.

domingo, 29 de março de 2009


Ele devia ter uns vinte anos, ou dezenove, tanto faz, ele tava sentado no banco da praça e eu tava andando de skate por ali, ele tirou os óculos escuros com um ar cansado e olhou pra mim intrigado, eu tava com os meus óculos de aro vermelho que não lhe permitiam ver meus olhos, e eu ouvia uma música cheia de guitarras e baterias, eu senti seu olhar tocar cada centímetro de minha pele, e eu caí, caí de bunda no asfalto molhado.Ele se levantou e foi lá me ajudar.Eu tirei os óculos e agradeci."Merda" eu sussurrei vendo minha calça toda molhada e ele sorriu.Eu o fuzilei com os olhos, ele pediu desculpas e perguntou se eu tinha me machucado, eu disse um não seco e sai dali com meu skate o mais rápido possível."Também foi um prazer te conhecer" ele gritou enquanto eu me afastava.Imbecil dos olhos azuis piscina, cabelos perfeitamente bagunçados, corpo perfeitamente malhado, rosto perfeitamente desenhado, sorriso perfeitamente branco.Nunca mais queria vê-lo na minha vida.Idiota.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Letícia.

Eu estava sentado com a minha câmera na mão, e letícia brincava pelos antigos trilhos.Ela treinava seu balé com um incrível equiílibrio na barra de ferro.O vento fazia sua saia colar no seu corpo, ela girava, ria, sentia o vento na sua pele branca.Teus cabelos se agitavam no mesmo ritmo de sua saia, tudo nela tinha uma sincronia perfeita.Teu sorriso era sincronizado com seus olhos, seus olhos nunca mentiam, essa era uma das coisas que ela mais odiava em si mesma, a sua falta de capacidade de mentir.Eu falava que isso era uma enorme qualidade, mas ela discordava dizendo que às vezes era necessário contar uma mentira saudável.
Ela parou de girar pela barra de ferro e veio andando na minha direção, se jogou em cima de mim e tirou a máquina da minha mão, me roubou um beijo e depois riu, ela colocou os cabelos atrás da orelha e sorriu pra mim, o sol era forte atrás da sua cabeça e o céu estava incrivelmente bonito, uma bela foto.Mas eu achei melhor guardar aquela imagem só pra mim.Ela ficou acariciando meus cabelos e de repente ficou séria.
- Que foi? - eu perguntei assustado com a sua seriedade.
- Não sei, às vezes eu acho que você é perfeito demais pra ser verdade. - ela disse naturalmente e rindo logo após, eu sorri e me virei para ficar ao seu lado, eu a puxei pra mim e lhe dei um beijo.Ficamos ali deitados na grama da antiga ferrovia de mãos dadas admirando o céu até o sol ir embora e dar espaço pra lua.Fazíamos um ano naquele dia.

quarta-feira, 18 de março de 2009

You're just skin and bones

Você me olha com seus olhinhos fracos, me olha admirado e eu sorrio.Solta um elogio de vô coruja, e eu rio.Me sento no sofá do seu lado e observo o tanto de aparelho em volta de você.Você sorri triste, e eu tento sorrir o meu sorriso mais alegre pra você.As pessoas conversam em minha volta e eu só consigo prestar atenção na sua agonia.Você pede pra ir ao banheiro e as enfermeiras vem te colocar na cadeira de rodas, você fica constrangido.Fico em silêncio por um momento, tento controlar o choro.Você volta e senta na sua cadeira de novo.Colocam o aparelho que te alimenta em você.Você continua assistindo TV e eu assisto com você.Depois de alguns minutos você pede para ir dormir.Meu pai me diz pra eu me despedir de você, e essa palavra me machuca, te dou um beijo na testa e coloco minha bochecha na sua frente pra receber um beijo seu."Tchau, vô" eu digo meio melancólica demais.Lá vem as enfermeiras de novo com a cadeira de rodas."Tchau, gente" você diz de cabeça baixa enquanto vai pro quarto.Eu só queria poder te fazer sentir melhor.Eu te amo, vô.Me orgulho tremendamente de ser sua neta.

segunda-feira, 16 de março de 2009


Me perdi nos seus olhos.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Correr com a chuva caindo, é disso que eu to precisando.Sentir a chuva em mim.Gritar no meio de todo mundo.Eu preciso correr, gritar e de chuva.

terça-feira, 10 de março de 2009

Oi -q


Tuntztuntztuntz




Paranranaranaran




E eu preciso de uma festa.Eu preciso de férias.Eu preciso de um banho de chuva.Preciso tomar sol.Eu preciso fazer compras.Eu preciso ir pra São Paulo e comprar meu arco íris de calças.É, é disso que eu preciso.Ou não, né.Eu sei lá.Será que é?

... Oi, tudo bem?

domingo, 8 de março de 2009

I need to see your smile.

Eu vejo lágrimas aparecerem devagar nos seus olhos, vejo a falta que você sente estampada no seu rosto.Eu me sinto incapaz por não poder afastar essa dor de ti.Eu só queria que você pudesse voltar a ter toda aquela alegria de antes.Eu quero ver você sorrindo de verdade que nem você fazia.Quero que seus olhos brilhem daquele jeito que brilhavam.Eu só quero te ver bem, e faço de tudo para que isso aconteça.Eu te considero como a um irmão, a sua dor é a minha dor, a sua alegria é a minha.O seu riso é o meu.Você tem toda ajuda que quiser em mim, você pode contar comigo pra tudo, e é verdade.Eu só quero te ver bem, bebê.Desculpa não poder arrancar essa dor de ti.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Toxic.


O teu cheiro veio junto com seu sorriso, que foi logo acompanhado pelo meu, sua mão se estendeu e eu a segurei, você me puxou e fomos de mãos dadas até o centro do salão, você colou meu corpo contra o seu até conseguir sentir cada centímetro do meu corpo, seus olhos negros sorriam para mim por trás dos seus cabelos castanhos, sua pele morena tocou na minha pele branca, eu arrepiei, você segurou na minha cintura com firmeza, eu apoiei meus braços em seus ombros largos e você subiu uma mão para a minha nuca, me segurou forte e pressionou seus lábios contra os meu fazendo meu ar escapar.Você explorava meu corpo com as mãos e eu segurava seus cabelos bagunçados te impedindo de deixar aquilo acabar.Nos separamos por alguns segundos, ainda com os rostos pertos demais, você sorriu de um jeito safado que só você conseguia fazer, e eu sorri envergonhada.Você segurou meu rosto e me levou para mais um beijo.Me pegou no colo ainda me beijando, e me levou para o andar de cima, sem se importar em esbarrar nas pessoas.Me colocou na cama e trancou a porta.Sorriu seu sorriso malandro e eu sorri o meu.Na cama de desconhecidos você me abraçou e foi tirando com calma toda a minha roupa enquanto eu tirava a sua.Você ria do que fazíamos e eu ria junto.Nós dormimos ali, abraçados, nus, e esperando que alguma hora o casal que supostamente iria estreiar aquela cama aparecesse para a gente rir ainda mais.

terça-feira, 3 de março de 2009

While we have it.


Sentada na porta de casa observando os cavalos, os carros, as carroças, passarem pela estrada de terra em frente da sua casa, ela usava duas trancinhas, uma de cada lado da cabeça.Tinha sardas nas bochechas e uma franja jogada em cima do olho direito, seu cabelo era loiro, seus olhos eram meio cinzas, e seu sorriso cheio de paz e natureza.Ela estava com um short jeans rasgado que valorizada suas coxas, sua blusa era gola 'v' que devia ter sido cortada por ela mesma, as botas de cavalgar estavam sujas de barro.Eu parei meu carro em frente a sua casa e ela fez uma cara engraçada.Eu saí do meu esportivo preto, e tirei os óculos escuros.
Ele saiu do carro e eu me surpreendi, ninguém nunca parava em frente a minha casa, ele tirou os óculos escuros revelando seus belos olhos azuis, ele deu um sorriso torto e eu acenei.
Ela me perguntou o que eu desejava, e eu disse que estava apenas cansado e resolvi parar ali para descansar, ela sorriu.
Eu o convidei para entrar e tomar um café, ele aceitou.Meus pais o cumprimentaram e perguntaram de onde vinha.Ele vinha lá de Los Angeles, a cidade que toda menina do interior sonha em conhecer.
Ela ficou super animada sobre eu vir de L.A e começou a me fazer perguntas de como era por lá enquanto fazia o café, eu ria de seu entusiasmo e dizia que não tinha nada demais, ela me olhou indignada e perguntou como eu conseguia dizer que aquela cidade não tinha nada demais, seus pais saíram da cozinha e eu disse que o motivo de eu dizer aquilo era que naquela cidade maravilhosa não tinha meninas tão lindas como nas cidades do interior, ela riu envergonhada.
Ele conseguiu fazer minhas bochechas corarem, não sei como ele fez isso.Acho que ele mexeu comigo.O café ficou pronto e eu peguei duas xícaras.Me recuperei da vergonha e disse que se aquela cidade não era demais, como conseguia criar pessoas daquele nível de beleza que ele tinha.Ele riu, também consegui fazê-lo corar.
Droga, ela me pegou.Ela realmente consegue me deixar sem graça só com aquele sorriso cheio de simplicidade.Ela me chamou para dar uma caminhada e conhecer os cavalos depois do café.Eu aceitei, fomos nós dois para o enorme "quintal" da família.Ela sorriu ao ver meus olhos brilhando.
- Sabe cavalgar? - eu perguntei e ele me olhou com medo.Eu ri, percebendo que ele não sabia.
- Vamos lá, é fácil.Vou pegar o mais manso para você. - eu disse puxando-o pela mão.
Ela riu e fomos correndo de mãos dadas como duas crianças até o estábulo.Ela pegou um cavalo branco para mim e ficou com o negro.Me ensinou a sentar e a guiá-lo.Eu até que não fui tão mal.Às vezes ela se empolgava e corria, e depois voltava para me encontrar.
Eu estava levando-o até a minha lagoa, a que só eu e meus primos sabíamos onde ficava, ele sempre ficava um pouco para trás e eu voltava para irmos juntos.Chegamos até a lagoa e os olhos deles brilharam com a beleza do lugar."Lindo né?" eu perguntei sorrindo e pegando a mão dele para levá-lo mais para perto.Ele sorriu concordando e me seguiu.Nos sentamos na beira da lagoa e ficamos ali de mãos dadas observando o sol sumir por trás das árvores.
Ela sorria que nem uma criança sorri quando vê desenho animado, tão inocente.E eu tinha me esquecido de perguntar seu nome.Eu ri, e ela perguntou o que era.
- Você notou que a gente não sabe o nome um do outro? - ela olhou pra mim surpresa e riu.
- Parecia que a gente se conhecia a tanto tempo que eu me esqueci dessa parte. - ela disse sorrindo.Eu concordei.
- Jake. - eu disse depois de um tempo olhando para as árvores.
- Annie. - ela disse em resposta.
Ele me puxou para mais perto e fez eu encostar a cabeça em seu ombro, meu coração disparou e eu pude sentir o dele bater mais forte também.Ele levantou meu rosto e eu corei com a proximidade de nossos rostos.Ele se aproximou de mim e me beijou leve, me puxou mais para perto e o beijo foi ficando intenso.
Nós paramos e sorrimos um para o outro, meu coração disparava com aquele sorriso.Eu levantei e a puxei para cima também, ela me abraçou e eu beijei o topo de seu cabeça.Ela me puxou e voltamos para casa.Eu vi que horas eram e ela disse para eu dormir lá, já que estava tarde.
Ele dormiu na cama de baixo da minha, e no meio da noite eu o puxei para a minha, ficamos ali dormindo abraçados, não querendo lembrar que de manhã ele iria embora.Acordei, e lhe dei um beijo de bom dia, ele sorriu.Se levantou, colocou sua roupa, tomamos café, e ele foi embora no seu belo esportivo preto.
E foi essa a última vez que eu a vi, ali, acenando chorosa da porteira para mim dentro do carro.Ainda tenho esperanças de encontrá-la.

domingo, 1 de março de 2009

There's no right or wrong.

E mais uma vez eu estava naquele lugar que me trazia lembranças de coisas que me machucavam tremendamente, eu me sentia uma mazoquista sentada ali lembrando de tudo que você me disse, de tudo que nós dissemos, de todos os olhares trocados, de todos os sorrisos, de todas as despedidas.Eu fechei os olhos e deixei o vento me consolar, o barulho das árvores balançando me acalmavam, na minha cabeça seu sorriso ia e voltava, o barulho da sua risada aparecia e sumia, seus olhos cheios de alegria abriam e fechavam, era só você ocupando meus pensamentos.O vento ficou mais forte e eu me obriguei a abrir os olhos, olhei os quadradinhos no chão e eu pude sentir seus braços me apertando forte, pude ouvir sua voz brincando comigo.Eu me abracei e deixei as lágrimas correrem livres pelo meu rosto.A falta que eu sentia de você era imensa, e a certeza de que eu não podia te ver de novo me deixava arrasada.Você ali, naquela mesma rua, deitado no banco da minha frente, e eu nem tinha notado.Eu não podia ter te visto, não era certo, eu tinha prometido pra mim mesma que eu não podia.Você se levantou e olhou pra mim, abriu um sorriso imenso e cheio de saudades.As lágrimas correram mais rápidas e eu virei o rosto.Meus pés continuaram no mesmo lugar, eu me obriguei a correr pra longe de você, você gritou meu nome e eu me obriguei a não parar, pude ouvir você vindo atrás de mim, você era muito mais rápido e uma hora com certeza ia me alcançar, mas eu não parei.Senti sua mão segurar meu braço e eu parei.Você me virou pra você e me fez olhar nos seus olhos, meu rosto vermelho e tristonho te encarou, você me abraçou forte e chorou no meu ombro.Eu molhei sua blusa vermelha com as minhas lágrimas, você levantou meu rosto e me deu um beijo, segurou o meu rosto triste e eu enxuguei as lágrimas, você sorriu com os olhos e eu não conseguia mais ficar ali, eu queria, mas eu não podia.Não era certo.
- Não tem certo ou errado. - você sussurru no meu ouvido como se lesse minha mente, eu te olhei assustada e você sorriu, dessa vez com a boca, eu abaixei a cabeça e você me puxou para perto do seu corpo outra vez, pude sentir as borboletas insistindo em incomodar meu estômago.Eu te olhei nos olhos e te beijei, pude sentir seu coração acelerar ao mesmo tempo que o meu.Suas mãos exploraram minhas costas, minha cintura, minha nuca.E eu descobri que o certo era eu e você e nada mais.Toda aquela tristeza foi arrancada de mim junto com as minhas roupas quando chegamos à sua casa.