Sentada na porta de casa observando os cavalos, os carros, as carroças, passarem pela estrada de terra em frente da sua casa, ela usava duas trancinhas, uma de cada lado da cabeça.Tinha sardas nas bochechas e uma franja jogada em cima do olho direito, seu cabelo era loiro, seus olhos eram meio cinzas, e seu sorriso cheio de paz e natureza.Ela estava com um short jeans rasgado que valorizada suas coxas, sua blusa era gola 'v' que devia ter sido cortada por ela mesma, as botas de cavalgar estavam sujas de barro.Eu parei meu carro em frente a sua casa e ela fez uma cara engraçada.Eu saí do meu esportivo preto, e tirei os óculos escuros.
Ele saiu do carro e eu me surpreendi, ninguém nunca parava em frente a minha casa, ele tirou os óculos escuros revelando seus belos olhos azuis, ele deu um sorriso torto e eu acenei.
Ela me perguntou o que eu desejava, e eu disse que estava apenas cansado e resolvi parar ali para descansar, ela sorriu.
Eu o convidei para entrar e tomar um café, ele aceitou.Meus pais o cumprimentaram e perguntaram de onde vinha.Ele vinha lá de Los Angeles, a cidade que toda menina do interior sonha em conhecer.
Ela ficou super animada sobre eu vir de L.A e começou a me fazer perguntas de como era por lá enquanto fazia o café, eu ria de seu entusiasmo e dizia que não tinha nada demais, ela me olhou indignada e perguntou como eu conseguia dizer que aquela cidade não tinha nada demais, seus pais saíram da cozinha e eu disse que o motivo de eu dizer aquilo era que naquela cidade maravilhosa não tinha meninas tão lindas como nas cidades do interior, ela riu envergonhada.
Ele conseguiu fazer minhas bochechas corarem, não sei como ele fez isso.Acho que ele mexeu comigo.O café ficou pronto e eu peguei duas xícaras.Me recuperei da vergonha e disse que se aquela cidade não era demais, como conseguia criar pessoas daquele nível de beleza que ele tinha.Ele riu, também consegui fazê-lo corar.
Droga, ela me pegou.Ela realmente consegue me deixar sem graça só com aquele sorriso cheio de simplicidade.Ela me chamou para dar uma caminhada e conhecer os cavalos depois do café.Eu aceitei, fomos nós dois para o enorme "quintal" da família.Ela sorriu ao ver meus olhos brilhando.
- Sabe cavalgar? - eu perguntei e ele me olhou com medo.Eu ri, percebendo que ele não sabia.
- Vamos lá, é fácil.Vou pegar o mais manso para você. - eu disse puxando-o pela mão.
Ela riu e fomos correndo de mãos dadas como duas crianças até o estábulo.Ela pegou um cavalo branco para mim e ficou com o negro.Me ensinou a sentar e a guiá-lo.Eu até que não fui tão mal.Às vezes ela se empolgava e corria, e depois voltava para me encontrar.
Eu estava levando-o até a minha lagoa, a que só eu e meus primos sabíamos onde ficava, ele sempre ficava um pouco para trás e eu voltava para irmos juntos.Chegamos até a lagoa e os olhos deles brilharam com a beleza do lugar."Lindo né?" eu perguntei sorrindo e pegando a mão dele para levá-lo mais para perto.Ele sorriu concordando e me seguiu.Nos sentamos na beira da lagoa e ficamos ali de mãos dadas observando o sol sumir por trás das árvores.
Ela sorria que nem uma criança sorri quando vê desenho animado, tão inocente.E eu tinha me esquecido de perguntar seu nome.Eu ri, e ela perguntou o que era.
- Você notou que a gente não sabe o nome um do outro? - ela olhou pra mim surpresa e riu.
- Parecia que a gente se conhecia a tanto tempo que eu me esqueci dessa parte. - ela disse sorrindo.Eu concordei.
- Jake. - eu disse depois de um tempo olhando para as árvores.
- Annie. - ela disse em resposta.
Ele me puxou para mais perto e fez eu encostar a cabeça em seu ombro, meu coração disparou e eu pude sentir o dele bater mais forte também.Ele levantou meu rosto e eu corei com a proximidade de nossos rostos.Ele se aproximou de mim e me beijou leve, me puxou mais para perto e o beijo foi ficando intenso.
Nós paramos e sorrimos um para o outro, meu coração disparava com aquele sorriso.Eu levantei e a puxei para cima também, ela me abraçou e eu beijei o topo de seu cabeça.Ela me puxou e voltamos para casa.Eu vi que horas eram e ela disse para eu dormir lá, já que estava tarde.
Ele dormiu na cama de baixo da minha, e no meio da noite eu o puxei para a minha, ficamos ali dormindo abraçados, não querendo lembrar que de manhã ele iria embora.Acordei, e lhe dei um beijo de bom dia, ele sorriu.Se levantou, colocou sua roupa, tomamos café, e ele foi embora no seu belo esportivo preto.
E foi essa a última vez que eu a vi, ali, acenando chorosa da porteira para mim dentro do carro.Ainda tenho esperanças de encontrá-la.